Contradições

Henry Borel: hospital reafirma que menino chegou morto a unidade

Fato contradiz o dito por defesa de Jairinho em Tribunal

Mãe e ex-namorado respondem um processo por torturar e matar o menino
Mãe e ex-namorado respondem um processo por torturar e matar o menino |  Foto: Reprodução
 

O parecer do Hospital Barra D’Or reafirmou que o menino Henry chegou morto à unidade de saúde, na madrugada do dia 8 de março do ano passado. Monique Medeiros, mãe do garoto, levou ele junto do seu ex-namorado e ex-vereador do Rio, Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho. Ambos respondem um processo por torturar e matar o menino.

Em julgamento, a defesa de Jairinho afirmou que o menino chegou com vida no hospital e sugeriu que a laceração hepática declarada na autópsia pode ter sido devido ao processo de reanimação realizado na unidade.

Contudo, segundo o parecer assinado pelo médico Daniel Romero Muñoz, obtido pelo jornal O GLOBO, Henry chegou a unidade de saúde às 3h50 já morto, 'em parada cardiorrespiratória, apresentando trismo (rigidez de mandíbula), cianose central e periférica, palidez cutânea, extremidades frias e cianóticas, sem perfusão periférica e sem pulsos centrais e/ou periféricos'.

No documento, o médico descreve que as anotações médicas e de enfermagem se referem às manobras de ressuscitação, que duraram cerca de 60 minutos,  sem o retorno da circulação espontânea. Logo após, o corpo de Henry foi encaminhado ao  Instituto Médico-Legal (IML).

"As fichas de atendimento descrevem a presença de equimoses nos membros superiores, abdômen e membros inferiores desde o início do atendimento, não restando nenhuma dúvida sobre a presença de tais lesões anteriormente à admissão hospitalar", descreve o médico.

Daniel também contrapõe o dito pelo assistente técnico Sami El Jundi, contratado por Jairinho, no dia 1° de junho, no Tribunal de Justiça. Durante depoimento, Sami mostrou uma radiografia do tórax de Henry, enquanto ele estava nas dependências do hospital, e afirmou que existia 'presença de vida durante o atendimento prestado naquela instituição de saúde'.

"A realização de manobras de ressuscitação cardiopulmonar, ainda que tenha sido feita em indivíduo já sem vida, especialmente quando já existia dano pulmonar (como o verificado no exame necroscópico), pode determinar extravasamento do ar para o espaço pleural, visto que este é insuflado sob pressão positiva nas vias aéreas. Em crianças, nas quais as paredes alveolares são naturalmente mais frágeis, esta possibilidade assume maior importância, podendo haver rompimento desses alvéolos e consequente pneumotórax pelo barotrauma", ressalta.

O documento ressalta também que a rigidez presente na mandíbula da criança já trazia a comprovação da morte e, ainda que tenham sido realizadas as manobras de ressuscitação cardiopulmonar, 'não seria esperado que fossem eficazes'. Mesmo assim, os médicos da unidade continuaram tentando no intuito de salvar a vida de Henry, assim como ressalta o médico. 

"Não se pode falar em qualquer relação entre a morte de Henry, constatada no exame necroscópico como tendo sido causada por hemorragia decorrente de rotura hepática, e as condutas adotadas nas dependências do Hospital Barra D’Or, dado que já havia sinais evidentes de que a criança já se encontrava morta quando do seu atendimento", finaliza.

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